Meira Lima I.V; Sougey E.B; Vallada Filho, H.P
Genética dos transtornos afetivos
Rev. psiquiatr. clín. vol.31 no.1 São Paulo 2004
"Os autores revisam neste artigo o conjunto de evidências genético-epidemiológicas que indicam a presença de fatores genéticos na vulnerabilidade para os transtornos afetivos. Apresentam também os dados obtidos até o momento, através de estratégias de genética molecular na busca de genes de susceptibilidade para o transtorno afetivo bipolar e para a depressão.
As doenças afetivas constituem síndromes caracterizadas por alterações patológicas do humor que pode variar desde uma extrema elação ou euforia até uma grave depressão ou disforia. Tais síndromes, particularmente aquelas caracterizadas por depressão, são bastante comuns e determinam importante prejuízo à sociedade, inclusive por associarem-se com elevadas taxas de suicídio. A busca das bases etiológicas e fisiopatológicas dessas perturbações afetivas, visando à validação dos atuais constructos diagnósticos e à elaboração de estratégias terapêuticas e profiláticas mais efetivas, deve contemplar evidências clínicas disponíveis que apontam para o componente familiar como um dos principais fatores de risco para o aparecimento desses quadros (Goodwin e Jaminson, 1990). (pág.1).
Um consistente conjunto de evidências indica a existência de fatores genéticos na suscetibilidade para as doenças afetivas. Os dados disponíveis no momento não identificam de modo inequívoco nenhum gene de vulnerabilidade, mas a velocidade com que surgem novas tecnologias e abordagens na área de genética molecular apontam que, provavelmente nos próximos anos, alguns dos genes relacionados à vulnerabilidade para a depressão e para o transtorno afetivo bipolar serão identificados. Muito provavelmente, essa identificação também propiciará uma revolução na prática clínica com os benefícios advindos da elucidação das vias bioquímicas relacionadas à patogênese dessas doenças afetivas". (pág.7).
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